terça-feira, 26 de abril de 2011

JUDEU AUTÔNOMO: Elucubrações sobre o Dízimo

JUDEU AUTÔNOMO: Elucubrações sobre o Dizimo: "


Vamos a uma estória para elucidar o tema. Um irmãozinho ignorante sobre os temas bíblicos e movido por interesses carnais que mesmo freqüentando uma igrejinha evangélica a mais de um ano ainda não perdeu, e nem converteu tudo de sua vida, inclusive seus interesses pessoais, nutre o sonho de que D-us lhe conceda uma vida confortável financeiramente.
O irmãozinho entra pela porta da congregação. Senta-se, assiste o louvor. Logo, começa a participar animadamente. Chega a hora do apelo por dízimos e ofertas. O pastor diz à congregação que se derem o dízimo, D-us irá fazer com que sejam muito prósperos. O irmãozinho observa ao seu redor,as pessoas são simples, o local também, e todos se levantam para trazer o dízimo. Cheio de esperanças, ele deposita o envelope na caixinha.
Há algumas ruas de distância, outro irmãozinho está reunido em outra congregação. Esta, mais “light'. Esse irmãozinho sempre criticou as igrejas que pedem o dízimo avidamente. Está satisfeito por participar de uma congregação que é sustentada por missionários americanos. Dificilmente, esse irmãozinho dá alguma contribuição significativa ao ministério, além dos simbólicos 10 reais que deposita na caixinha de ofertas toda semana. Afinal, a sua igreja é bem abastada.
Apesar de fictícia a estória acima, infelizmente, poderia ser verdadeira, visto que a maioria dos seguidores do Mashiach parece desconhecer ou não entender o que é a questão do dízimo.
Muitos acham que o dízimo será uma fonte de riqueza. Por outro lado, os mais esclarecidos, vêem o dízimo como algo que já passou, e não se refere aos dias de hoje. Sentem-se desconfortáveis em dar qualquer contribuição financeira significativa a um ministério.

Em meio a tanta confusão, é necessário que façamos um estudo sobre o dízimo, a fim de evitarmos cair em um dos dois extremos.

EM QUE CONSISTE O DÍZIMO?

É 10% de TUDO o que recebemos por QUALQUER trabalho (a Toráh torna isto claro ao citar diversos exemplos de trabalhos diferentes.) Pela Toráh, fica estabelecido que é 10% do líquido que obtemos, ou seja do valor que recebemos pelo trabalho, menos o que gastamos para exercer o trabalho, e não do ganho bruto. 
Alguns tentam alegar que o dízimo seria só de produtos agro-pecuários. Contudo, isto não se verifica nas Escrituras, pois na B’rit Chadashá (“Novo Testamento”) encontramos um fariseu dizendo:

“Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (Lucas 18:12)

Vemos aqui que a concepção de dízimo sempre foi de fato algo acerca de nossa renda de um modo geral

DÍZIMO É TUDO UMA COISA SÓ?

É aqui que começa o problema. A grande maioria das igrejas não menciona, mas, na ausência do Beit HaMikdash (o Templo), existem PELO MENOS quatro formas diretamente mencionadas pela Toráh. Além desta, com um estudo mais aprofundado, podemos encontrar pelo menos mais três:


- USOS DO DÍZIMO DIRETAMENTE MENCIONADOS PELAS ESCRITURAS:

1 - Para o sustento da obra do Templo (sacerdotes e levitas)

2 - Para o sustento da obra numa congregação

3 - Para o sustento de necessitados

4 - Para celebração perante o Eterno, preferencialmente com a família

A maioria das igrejas ensina apenas os tipos 1 e 2 (principalmente o 2 por motivos óbvios), e no máximo pode se referir ao tipo 3 se as contas da congregação estiver no azul. O tipo 4 é praticamente desconhecido pela grande maioria dos seguidores de Yeshua.


- USOS DO DÍZIMO QUE PODEMOS CONCLUIR A PARTIR DAS ESCRITURAS:

5 – Para nos ajudar a praticarmos atos de misericórdia

6 – Para adquirirmos conhecimento do Eterno

7 – Para cumprirmos outras mitsvot (mandamentos)

Estas outras 3 formas de usarmos o dízimo normalmente são completamente ignoradas pela grande maioria das igrejas. Vamos analisar cada uma delas. Porém, antes disto, é importante que esclareçamos a questão da validade do dízimo para os dias de hoje.

SE NÃO HÁ TEMPLO, POSSO DAR O DÍZIMO?

Alguns argumentam que dízimo é coisa de judeu, visto que está definido na Toráh que foi dada por intermédio de Moshe (Moisés). Outros dizem que o dízimo não precisa ser dado porque o Beit HaMikdash (Templo) não está de pé.

Contudo, ambas as afirmações, ao nosso ver, são equivocadas. A primeira já está errada porque parte do pressuposto de que a Torá não seria válida para nós, o que é um grande absurdo, mas que não será tema deste estudo em particular. Em segundo lugar, a prática do dízimo é primeiro  encontrada em (Gênesis) 14:30, onde Avraham dá o dízimo a Malki-Tsedek (Melquisedeque).
O princípio do dízimo foi iniciado por Avraham, que espiritualmente é tido como pai daqueles que depositam sua fé em D-us. Todos os crentes em Yeshua devem seguir o exemplo de Avraham.
Porém, existe aqui o primeiro grande furo na lógica de muitas igrejas. Antes de Moshe (Moisés), o dízimo não é relatado na Bíblia como sendo uma mitsvá (mandamento). Portanto, ou a Toráh ainda é válida (e aí temos que seguir também os outros mandamentos), ou o dízimo também foi abolido. É preciso haver coerência.
Se uma igreja defende que a Toráh foi abolida e ainda assim cobra o dízimo, está sendo hipócrita. Se o dízimo é definido na Toráh, que direito temos de escolher aquilo que é conveniente da Torá e aplicar aos dias de hoje, ignorando o restante? Isto é zombar do Eterno!

ANALISANDO AS DIVERSAS FORMAS DE SE APLICAR O DÍZIMO

FORMA 1 – PARA SUSTENTO DA OBRA NO TEMPLO


Assim diz a Toráh a respeito da herança da tribo de Levi: 

"Porque os dízimos que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor em oferta alçada, eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Israel.” Números 18:24

Somente os da linhagem de Aharon atuavam como sacerdotes no Templo. Cabia, porém, aos levitas os serviços em geral que eram relacionados com o Templo. Normalmente, o dízimo era repartido entre eles. A décima parte do dízimo (portanto 1%) era entregue pelos levitas aos cohanim (sacerdotes), em oferta ao Eterno:

“Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos filhos de Israel receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então desses dízimos fareis ao Senhor uma oferta alçada, o dízimo dos dízimos.” Números 18:26.

Este era o conceito original da parte dos dízimos que cabia aos levitas e sacerdotes. Contudo, na ausência do Beit HaMikdash (Templo), e praticamente todo o seu sistema religioso, não é alternativa viável neste momento.

FORMA 2 – PARA SUSTENTO DA OBRA NA CONGREGAÇÃO

E o que dizer da congregação? Será que os textos da Toráh aplicados aos sacerdotes e levitas se aplicariam também a quem trabalha na congregação?
 Lembremo-nos de Malki-Tsedek que também recebeu dízimos de Avraham. O próprio rabino Shaul (Paulo) usa um conceito rabínico chamado Kal v’Chomer (Leve e Pesado) para argumentar que o sacerdócio de Malki-Tsedek é superior ao de Levy, e curiosamente acaba usando o dízimo como um de seus argumentos:

“E, por assim dizer, por meio de Avraham, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos, enquanto ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Malki Tsedek saiu ao encontro deste.” (Hebreus 7:9-10)

Portanto, podemos concluir pelo menos conforme o conceito rabínico (Kal v’Chomer) que se Levy é digno de receber dízimos, quanto mais digno ainda é Malki-Tsedek. 
Tanto no caso de Levy quanto no de Malki-Tsedek, o dízimo é dado COMO RETORNO POR TRABALHAR NO SERVIÇO DE D-US. Então podemos chegar a duas conclusões:

1) Sacerdotes da ordem de Aaron ou da ordem de Malki-Tsedek podem receber dízimos;
2) Os dízimos servem como fonte de renda dos sacerdotes que agem no serviço de D-us.


Bem, o Mashiach é nosso sacerdote eternamente pela ordem de Malki-Tsedek (Heb. 5:6). Ora, se o Espírito de D-us concede a algumas pessoas a autoridade para trabalhar no serviço de D-us em nome do Mashiach, então estas pessoas também estão fazendo o trabalho de D-us em nome daquele que é da ordem de Malki-Tsedek. Pela Toráh, estas pessoas podem receber dízimos.
A B’rit Chadashá (“Novo Testamento“) também dá indícios de apoiar este conceito. Aqueles
que trabalhavam na obra de D-us eram mantidos por dízimos e ofertas da comunidade primitiva. 
Assim diz o rabino Shaul (Paulo):

"Pequei por acaso, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei as Boas Novas de Elohim? Outras congregações despojei, recebendo delas salário, para vos servir; e quando estava presente com vocês, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado; porque os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei, e ainda me guardarei, de vos ser pesado." (2 Co. 11:7-9 - há passagens similares em 2 Co. 12:13,1 Ts. 2:9, etc.)

Observe que Shaul fala de um salário. Como pode haver salário se a congregação não der dízimos e ofertas?
Lembremo-nos ainda que nosso Mashiach, ao dar aos seus discípulos a ordem de irem de casa em casa, determinou que eles deveriam ser mantidos por aqueles a quem estivessem pregando a Palavra:

"Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.” (Lucas 10:7, semelhante a 1 Tim 5:18)

O único tipo de salário definido nas Escrituras para o serviço na obra de D-us é o dízimo. Alguns podem perguntar: mas se era tão óbvia assim a questão do dízimo, porque Shaul preferia evitar ser um fardo para as comunidades onde pregava? A resposta é simples: porque havia muitos crentes gentios. Eles conheciam pouco da palavra e conseqüentemente não estavam acostumados com os princípios do dízimo. Portanto, Shaul não poderia simplesmente dizer a eles `é a lei', visto que o conselho de Jerusalém (Atos 15) havia decidido que os gentios não poderiam ser `forçados' a viver de acordo com a Toráh.

1 Co. 9:13-14 é ainda mais claro sobre os direitos daqueles que vivem para a ministração na obra do Eterno: "Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do Beit HaMikdash? E que os que servem ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam as Boas Novas, que vivam das Boas Novas."

Um Alerta Importante
Contudo, assim como havia dízimos que não eram dados aos levitas, conforme nos diz a Toráh e veremos mais adiante, não é lícito também a quem trabalha na obra impor ou mesmo pregar que o dízimo integral seja dado para sustento da congregação, pois o dízimo também tem outras finalidades. Pregar que o dízimo integral deve ser dado para sustento da congregação é não só ilícito, como se caracteriza como roubo aos necessitados (principalmente viúvas e órfãos), e a mão do Eterno pesará sobre quem fizer tal coisa, pois as Escrituras dizem que o Eterno abomina quem devora os necessitados cfe.Mateus 23:14.

FORMA 3 – PARA O SUSTENTO DE NECESSITADOS

A Toráh também menciona que o dízimo deve ser usado como auxílio para o sustento de necessitados. A Toráh cita explicitamente viúvas, órfãos, e estrangeiros, que eram aqueles que normalmente passavam dificuldade na época. Contudo podemos partir do genérico para o especifico e concluir que “viúva” e “órfão” referem-se a todos os necessitados, da mesma forma podemos concluir que o “se alimentar” e o “se satisfazer” referem-se ao sustento.

Vejamos o que diz a Toráh a respeito:

“Ao fim de cada terceiro ano levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano, e os depositarás dentro das tuas portas. Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), o peregrino, o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu D-us te abençoe em toda obra que as tuas mãos fizerem.” Deuteronômio 14:28-29.

Podem dizer o que quiserem os homens, mas a Bíblia é claríssima. O dízimo também é fonte de renda para os necessitados. Repare que NÃO BASTA dar à congregação e “lavar as mãos” por achar que a congregação fará algo pelos necessitados: a Toráh está dando uma instrução específica para o povo aqui.

Um Aviso Importante
Portanto, pelo texto acima, vemos que é nosso dever separar parte do dízimo para darmos a pessoas necessitadas, quer diretamente quer através de instituições de caridade. O importante aqui é o princípio: o dízimo é do Eterno, e Ele ordena que o usemos também para o sustento dos necessitados.

FORMA 4 – Para Celebração Perante o Eterno

Uma outra forma praticamente desconhecida é a do uso em celebração perante o Eterno. Podemos aplicar parte dos dízimos para estarmos reunidos com nossos familiares, celebrando ao Eterno. A Torá menciona explicitamente uma refeição, pois culturalmente para um judeu não há festa sem refeição. Veja o que diz a Toráh:

“E, perante o Senhor teu D-us, no lugar que escolher ali fazer habitar o seu nome [isto é, o Templo de Jerusalém], comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias. Mas se o caminho te for tão comprido que não possas levar os dízimos [até o Templo de Jerusalém], por estar longe de ti o lugar que Senhor teu D-us escolher para ali por o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; então vende-os, ata o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. E aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali perante o Senhor teu D-us, e te regozijarás, tu e a tua casa.”  Deuteronômio 14:23-26

Como estamos bem longe de Jerusalém e como o Beit HaMikdash (Templo) não está presente, podemos usar esta parte do dízimo para celebração ao Eterno com nossa família, conforme diz acima a Toráh.

Qual o propósito disto?

Vemos que a família é unidade imprescindível nos planos do Eterno, e uma família que celebra junta perante o Eterno cria para si mesma laços de união extremamente fortes, além ser uma oportunidade para que os pais possam dar um excelente exemplo para os filhos.

Dica 
Isto posto, recomendamos (embora não seja obrigatório pela Torá) que parte do dízimo seja usado para custear despesas com a celebração dos festivais bíblicos. Por exemplo, separe uma parte do dízimo para que os jantares de Shabat seja bastante agradável para a família, para que as crianças se alegrem, e para fortalecer a união da família.

Outra forma interessante é na celebração de outras festas bíblicas, tais como o Pessach, Chanukah, entre outras. Em suma, podemos aplicar o dízimo nestas festas bíblicas, que unem a família e honram ao Eterno.

FORMA 5 – PARA NOS AJUDAR A PRATICARMOS ATOS DE MISERICÓRIDA

Agora entramos nas 3 formas que não são tão explícitas, e que requerem uma análise mais cuidadosa das Escrituras, embora não sejam em absoluto menos válidas do que as demais. 

A primeira destas seria para nos ajudar a praticarmos atos de misericórdia.
O que queremos dizer com isso?
Muitas vezes, para ajudarmos uma pessoa, precisamos de recursos financeiros. E tais recursos podem vir do dízimo! Um exemplo disto seria para visitar pessoas necessitadas, principalmente quando o deslocamento é maior e requer um certo valor. Ou precisamos comprar remédios para os enfermos, entre outras coisas.
Aqui se encaixa também a pregação das Boas Novas de salvação, que é o maior ato de misericórdia que podemos praticar. Podemos portanto investir parte do dízimo para adquirirmos bíblias para distribuirmos, ou material adequado, ou até mesmo para ajudar a sustentar àqueles que propagam a mensagem das boas novas.
Mas de onde tiramos essa conclusão?
Tudo isso é muito bonito, mas de nada vale se não provarmos isto nas Escrituras. Portanto, vamos à elas:
Como vimos anteriormente, parte do dízimo era oferecida em sacrifício de oferta ao Eterno no Beit HaMikdash (Templo). Contudo, vemos em Oséias 6:6 o seguinte:

“Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de D-us, mais do que os holocaustos.”

Aplicando a mesma regra de Hillel, Kal v’Chomer (Leve e Pesado) sabemos que: 

O dízimo era usado para ofertas de sacrifício
O Eterno deseja misericórdia mais do que ofertas de sacrifício
Logo, a misericórdia é maior do que as ofertas

Portanto, podemos concluir que se podemos dar o dízimo para ofertas de sacrifício, quanto mais legítimo é aplicar o dízimo para atos de misericórdia. A Bíblia é bem clara!

Dica Importante
Recomendamos portanto que parte do seu dízimo seja separada para esta finalidade: visitações, pregação das boas novas, materiais, etc. Caso você não esteja diretamente envolvido nestas atividades, procure ajudar a alguém que esteja.

FORMA 6 – PARA ADQUIRIRMOS CONHECIMENTO DO ETERNO

O raciocínio para chegarmos à forma 6 é muito semelhante ao da forma 5:

“Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de D-us, mais do que os holocaustos.” Oséias 6:6.

Aplicando novamente a regra Kal v’Chomer (Leve e Pesado) , sabemos que: 

O dízimo era usado para ofertas de holocausto
O conhecimento do Eterno é mais desejável a Ele do que holocaustos
Logo, o conhecimento do Eterno é maior do que as ofertas
Portanto, podemos concluir que se podemos dar o dízimo para ofertas de holocausto, quanto mais legítimo é aplicar o dízimo para adquirirmos conhecimento do Eterno.

O que queremos dizer com adquirir conhecimento do Eterno?

É tudo aquilo que contribui para que o seu conhecimento de D-us, e da Sua Palavra, possam aumentar. Ou seja, você pode usar parte do dízimo para contribuir com o sustento de obras de ensino, ou para adquirir livros, bíblias, etc. Você pode ainda usá-lo para fazer cursos, entre outras coisas, desde que contribuam para a aquisição de conhecimento do Eterno

Dica Importante
Separe parte do dízimo para que você possa estar sempre empregando no estudo da Palavra. Esteja sempre lendo um bom livro, ou fazendo um bom curso, ou artigos. Pois tudo pode ser tirado de nós, menos o nosso conhecimento.

FORMA 7 – PARA CUMPRIRMOS OUTRAS MITSVOT (MANDAMENTOS)

Uma outra análise mais profunda demonstra que podemos aplicar parte do dízimo para podermos cumprir outras mitsvot (mandamentos).
Como podemos chegar a tal conclusão?
Salmos 51:16 diz:

“Pois tu não te comprazes em sacrifícios; se eu te oferecesse holocaustos, tu não te deleitarias”

Por que o salmista está dizendo que D-us não se alegra com holocaustos? No versículo posterior vemos que, na realidade D-us está solicitando ao povo um sacrifício de arrependimento. Ou seja, de nada adianta trazer ofertas a D-us se não nos arrependermos de nossos pecados.
Mas qual a relevância disto para nós?
Ora, sabemos pela B’rit Chadashá (Novo Testamento) que: 

“...o pecado é a violação da Toráh.” 1 João 3:4.

Portanto, podemos concluir que o cumprir a Toráh é superior a sacrifícios. Aplicando a mesma lógica do Kal v’Chomer podemos concluir que se um dízimo pode ser usado como oferta de sacrifício, quanto mais legítimo é o seu uso para cumprir as mitsvot (mandamentos) do Eterno.
Mas como assim comprir as mitsvot?
Um exemplo interessante que certa vez ouvi de um rabino é que uma grande mitsvá da Toráh é emprestar dinheiro a alguém, sem cobrar juros. Esse rabino me sugeriu então que de parte do dízimo poderíamos fazer um fundo para emprestar dinheiro às pessoas sem cobrar juros. É uma idéia interessante.
Parte do dízimo poderia ser empregada, por exemplo, para colocarmos mezuzá nas portas (Deuteronômio 6), ou para adquirirmos um Talit, ou ainda para realizarmos a b’rit milá (circuncisão).

COM TANTAS FORMAS DE SE APLICAR O DÍZIMO, O QUE EU FAÇO?

A grande dúvida agora é: se há tantas formas de se aplicar o dízimo, o que devemos fazer? Não necessariamente precisamos aplicar todas elas mensalmente. Contudo, as quatros primeiras formas são imprescindíveis. 
Como a primeira não pode ser cumprida, devemos, no mínimo, separar o dízimo em três partes (não necessariamente partes iguais), e buscar do Eterno sabedoria para administrar tais partes. Principalmente as 2 e 3 – em hipótese alguma podemos negar a um líder de comunidade o seu sustento, nem deixarmos de arcar com nossa responsabilidade perante o necessitado.
Contudo, não se esqueça das outras formas possíveis de se aplicar o dízimo. E lembre-se sempre de que nossas ações devem ser regidas pelas duas mitsvot (mandamentos) mais importantes da Toráh: o amor ao Eterno e o amor ao próximo.

VOU FICAR RICO DANDO O DÍZIMO?

Algumas seitas usam Malaquias 3:10 para `arrancar' o dízimo das pessoas. Primeiramente, deve ficar bastante claro que nosso objetivo ao dar o dízimo deve ser o princípio da obediência por amor a D-us. Yeshua deixou claro que qualquer mandamento que nós cumprimos só é
válido se feito única e exclusivamente por amor a D-us (ou ao próximo):
" Rabino, qual é a grande mitsvá na Torá?Respondeu-lhe Yeshua: Amarás a HaShem teu Elohim de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda sua força. Esta é a grande e primeira mitsvá. E a segunda, semelhante a esta, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destas duas mitsvot dependem toda a Torá e os profetas.". (Mt. 22:36-40)
O Eterno é dono do mundo. Não precisa fazer negócio com ninguém. Ou damos o dízimo por amor a Ele, estaremos dando em vão.
Em segundo lugar, em Malaquias 3:10 encontramos:

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro [do Templo de Jerusalém], para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.”

É forçar a barra ao extremo querer aplicar o versículo acima à congregação local. Não há NENHUMA relação entre a congregação local e o Beit HaMikdash (Templo). A única analogia mais prática que encontramos da respeito do Templo refere-se a nós mesmos, pois somos templos da Ruach HaKodesh (Espírito Santo). Em nenhum momento na Bíblia a congregação local substituiu o Templo.
Em terceiro lugar, com que autoridade a congregação local pode se auto-proclamar “casa do tesouro”? Se não está na Bíblia (como neste caso), não há espaço em nossa fé para invenções.
Em quarto lugar, a própria Torá já nos ensina o que fazer em caso de ausência do Templo: 

“E, perante o Senhor teu D-us, no lugar que escolher ali fazer habitar o seu nome [isto é, o Templo de Jerusalém], comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias. Mas se o caminho te for tão comprido que não possas levar os dízimos [até o Templo de Jerusalém], por estar longe de ti o lugar que Senhor teu D-us escolher para ali por o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; então vende-os, ata o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. E aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali perante o Senhor teu D-us, e te regozijarás, tu e a tua casa.”  (Deuteronômio 14:23-26)

Logo, é completamente ilegítimo, pela própria Bíblia, o uso por parte de uma congregação de Malaquias 3:10 para pedir o dízimo a seus fiéis. A Palavra do Eterno não muda e não mente.


MAS ENTÃO O QUE CONCLUIR SOBRE MALAQUIAS 3:10?


Mesmo sem o Beit HaMikdash (Templo), a promessa de D-us para os que são fiéis ao dízimo permanece, pois Ele não muda. Contudo, não é uma promessa de riquezas.
D-us promete Bênçãos àqueles que dão o dízimo. B'rachah, no Hebraico, pode significar bênção, mas neste contexto é melhor entendido como abundância de recursos. Observe o contexto, se continuar a leitura, você verá que D-us está prometendo CAMPOS abundantes e frutíferos. CAMPOS precisam ser trabalhados. D-us não promete a ninguém riqueza ou dinheiro fácil. O Eterno não prometeu que enviaria legiões de anjos com tratores para trabalhar o campo por nós. A promessa é de que Ele manterá a sua fonte de renda frutífera. Isto é MUITO DIFERENTE de pensar que ficaremos ricos. Não demos ouvidos à heresia da teologia da prosperidade.

CONCLUSÃO

Esperamos com este artigo despertar os seguidores de Yeshua sobre a verdade acerca do dízimo. Sabemos que este artigo vai contra os interesses pessoais de alguns grupos, porém não nos preocupamos com a aprovação de homens. Infelizmente, algumas passagens das Escrituras que apresentamos aqui não costumam ser pregadas em certas igrejas. Encorajamos portanto a todos os leitores a verificarem cada passagem das Escrituras que se encontram neste artigo, e tirem suas conclusões sobre o que está sendo apresentado. 


Adaptado e mexido por Metushelach Ben Levy de texto de Felipe Melo vulgo Sha’ul Bentsion no site: http://www.torahviva.org/index.php?p=5_97


2 comentários:

  1. A respeito da questão do dízimo à luz das Escrituras, se refere ao que Elohim determinou: frutos da terra e dos animais e que fosse apresentado no templo e o dizimista comia-o junto com sua família, a viuva, o orfão e o estrangeiro. Bom, as Escrituras relatam que Elohim não muda, então por que que os homens ficam colocando palavras na boca de Elohim?!!
    Ele foi específico: frutos da terra e dos animais e não dinheiro, que já existia naquela época,se fosse, então Ele pediria para entregar o dinheiro. Outra observação, e´sobre o versículo de Lucas 18:12: ELE ESTÁ ADULTERADO!!! O ORIGINAL É: DE TUDO QUE POSSUO!!!(BOI, VACA, OVELHAS, AVES, PLANTAÇÕES DE TRIGO, OLIVEIRAS, FRUTAS E ETC, ETC, ETC.
    EM SUMA:11 O Parush, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Elohim, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este coletor de impostos.
    12 Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto possuo.
    Este texto foi adulterado pra afirmar que teria de ser dado DINHEIRO. Os hipócritas e ladrões safados é que fizeram isso(digo dos tradutores das Escrituras a serviço da igreja católica romana)é culpa da ICAR, por ter feito isso.
    Aííí, vem os homens espertinhos pegando carona na adulteração de roma pra afirmar que o dízimo passou a ser o MAMON. É POR ISSO QUE ESTÁ ESSA CACHORRAGEM NAS IGREJAS EVANGÉLICAS E AGORA NAS CONGREGAÇÕES "JUDAICAS MESSIÂNICAS", SIM, PORQUE EXISTEM CONGREGAÇÕES E "CONGREGAÇÕES" USANDO A TRADUÇÃO DA GRANDE BAVEL, QUE DESTRUIU MILHÕES DE VIDAS COM ESSE VERSÍCULO ADULTERADO.ELOHIM NÃO MUDOU E NÃO MUDARÁ, SÃO OS HOMENS QUE MUDAM, E MUDAM AS ESCRITURAS EM BENEFÍCIO PRÓPRIO.

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  2. Outra coisa, Shaul enfatizou muito a coleta de ofertas SEGUNDO O CORAÇÃO E AS POSSES, ele em momento algum falou sobre dar dízimo em dinheiro. E sobre a ordem de Malkh tzedek, se formos ler atentamente, o "dízimo" de Avraham foi despojo de matança e não foi dinheiro!!!
    Só pra lembrarmos um pouco de história da humanidade, nos tempos antigos, no tempo de Avraham, os exércitos quando saíam em campanha para uma guerra, LEVAVAM VÍVERES(PORCO, GALINHA, BOI,VACA, CABRITO, OVELHA, ETC, ETC)ALÉM DISTO, LEVAVAM GRÃOS, FRUTAS,TRIGO, VINHO, ETC, ETC.No campo de batalha não havia um mercadinho ou supermercado pelo caminho, era tudo descampado ou no bosque, mata, floresta, etc, etc.
    Então o que Avraham e os seus guerreiros despojaram dos inimigos que sequestraram seu sobrinho Lot e as outras pessoas, foram estes itens que mensionei, de maneira nenhuma foi escrito que Avraham deu dinheiro a Malkh Tzedek. Soldados não levavam dinheiro pras batalhas, eles não precisavam disso, eles saqueavam, levavam os animais e a colheita dos lugares onde invadiam(que na maioria das vezes, eram povoados, com agricultores e pecuaristas). Baruch ata Elohim, que existem relatos históricos dos povos antigos!!!!(guerras, batalhas, conflitos)Aííí, vem os espertinhos dizendo sobre o dízimo de Avraham que foi dado a Malh Tzedek,alegando que foi dinheiro(PURA IGNORÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS OU USO MALEVOLENTE INTENCIONAL ARBITRÁRIA DAS ESCRITURAS)escolho a segunda opção; é o mais usado nos dias de hoje. Líderes religiosos vivendo na luxúria financeira enquanto que os fiéis vivem na miséria e no aperto financeiro. Andam de jatinhos e carros importados enquanto que os fiéis andam a pé, de carro velho ou de bicicleta e busão. Comem e bebem do bom e do melhor, enquanto que os fiéis comem feijão e arroz com ovo e refresco.DÍZIMO ERA E SEMPRE SERÁ ALIMENTOS PARA MATAR A FOME DO POBRE E NECESSITADO, DA VIUVA, DO ORFÃO E DO ESTRANGEIRO(TZEDAKA)E NUNCA SERÁ O DINHEIRO, ESTE QUE CORROMPE O CORAÇÃO DO HOMEM.
    42 e perseveravam no ensinamento dos sh'lichim e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
    43 Em cada vida havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos sh'lichim.
    44 Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
    45 E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.
    46 E, perseverando unânimes todos os dias no Beit HaMikdash(segundo templo), e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,
    47 louvando a Elohim, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia nosso Senhor acrescentava àqueles que viviam em meio à Kehilah.

    32 Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
    33 Com grande poder os sh'lichim davam testemunho da ressurreição do Senhor Yeshua, e em todos eles havia abundante graça.
    34 Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos sh'lichim.
    35 E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
    36 então Yossef, cognominado pelos sh'lichim Bar Nabba (que quer dizer, filho de consolação), um Levi, natural de Chipre,
    37 possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos sh'lichim.

    5 Portanto, julguei necessário exortar estes irmãos que fossem adiante ter com vocês, e preparassem de antemão a vossa beneficência, já há tempos prometida, para que a mesma esteja pronta como beneficência e não como por extorsão.
    6 Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também colherá; e aquele que semeia em abundância, em abundância também colherá,
    7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Elohim ama ao que dá com alegria.
    SHALOM.

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